domingo, 12 de fevereiro de 2017

lembranças do GDM em busca de bom futuro para a Criaturada grande de Dalcídio.


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TODOS JUNTOS NA MESMA CANOA


Já dizia o líder do Grupo em Defesa do Marajó (GDM), Theodomiro Teixeira de Azevedo, "o que não vem pelo amor, vem pela dor"... Desde a anistia de 1840 sobre os mortos e as ruínas da Cabanagem (1835-1840) - a violentíssima guerra civil na Amazônia-, que o Império do Brasil (1821-1889) e depois a República teve tempo mais que suficiente para corrigir as remotas causas da insurreição dos excluídos. Karl Marx (1818-1883) constatou que a história acontece como tragédia e se repete como farsa. 

No passado distante a Câmara de Belém, em 1656, pediu a "guerra justa" (cativeiro e extinção) contra os Nheengaíbas [índios do Marajó] acusados de pirataria contra canoas de "drogas do sertão" (extração florestal) e "tropas de resgate" (eufemismo para caça aos índios para servir de escravo dito "negro da terra"). Autorizada para o governador do Maranhão e Grão Pará, André Vidal de Negreiros (1606-1680) executar, foi adiada pela enérgica ação do superior das Missões, padre Antônio Vieira, contra a guerra "impossível de vencer". 

A guerra foi definitivamente afastada pela paz de Mapuá de 1659 entre os Nheengaíbas, portugueses e "índios cristãos" (tupinambás) aliados a estes, sobre as fantásticas tratativas e celebração inverossímil destas pazes Vieira escreveu a carta de 29 de novembro de 1659, à regente dona Luísa de Gusmão. Menos fantasioso e duradouro da referida pacificação dos rebeldes ficou sendo a fundação das aldeias missionárias de Aricará (Melgaço) e Arucará (Portel) para onde Vieira levou nheengaíbas de Mapuá.

Privados da mina de negros da terra que queriam conquistar, os colonos do Pará expulsaram com violência os padres, em 1661. E a coroa esquecida dos esforços jesuítas para pacificar aquela ilha rebelde esbulhou os direitos dos índios, conforme a lei de 1655 de abolição do cativeiro dos índios. Que foi doada ao secretário de estado Antônio de Sousa de Macedo, em 1665, para ser a capitania hereditária da Ilha Grande de Joanes (1665-1757). No mesmo tempo, os desiludidos Nheengaíbas sem mais nenhum defensor, Vieira lutava sozinho para se defender no tribunal da Inquisição onde foi condenado por heresia judaizante.

Claro está, que os índios do Marajó entraram na história da Amazônia como marisco entre o mar e o rochedo. Mas, os nheengaíbas de outrora acusados de pirataria e lesados pela doação da capitania de Joanes, não baixaram a guarda impedindo de fato o inicio da colonização da ilha do Marajó durante 64 após a fundação de Belém do Para. No ano de 1723, o cacique dos Aruã e Mexiana chamado Guamá levava ainda perigo às ilhargas da Cidade dos portugueses, acampando por largo tempo no rio que tem seu nome (ver Armando Levy Cardoso, na obra Toponímia Brasílica, sobre o topônimo Guamá). 

A universidade brasileira ainda não fez a competente leitura do papel histórico dos povos indígenas na invenção da Amazônia. Sem arcos e remos tupinambás, sobretudo, sem o mito da Yby marãey (terra sem mal); não se poderia ter conquistado o grandíssimo rio das Amazonas. Entretanto, a pergunta que não quer calar: qual a razão dos caciques Nheengaíbas (na verdade as diversas etnias Nuaruaques da babel de línguas "dificultosas") ter feito adesão à pobre e belicosa colônia de Portugal entregue aos cariuás (malvados), apoiada pelo inimigo hereditário dos índios das ilhas; em prejuízo da velha amizade e do frutuoso comércio com os panaquiris (holandeses)?

A provável resposta se acha nas ilhas do Caribe, onde o Pará tem seu velho porto (histórico) de mar. Na antropologia Aruak e na história oral das migrações através da ilha de Trinidad para a Terra Firme (continente) em busca do Arapari (pais do Cruzeiro do Sul). Nos ritos mágicos e religiosos afro-amazônicos.

Comungando sentimentos profundos da Criaturada grande de Dalcídio, o alternativo GDM realizou o décimo e último Encontro em Defesa do Marajó, entre os dias 28 -30/04/1995, em Belém e Ponta de Pedras, onde foi assinada a Carta do Marajó-Açu contendo a súmula de reivindicações populares em saúde, educação, cultura e meio ambiente passando daquela data em diante a ser guia da militância marajoara durante os vinte anos de vida comunitária do GDM. 

Quatro anos mais tarde, os Bispos Católicos do Marajó, Dom Angelo Rivatto S.J. e Dom Frei José Luís Azcona OSA publicaram o documento eclesial de alarme sobre a pobreza extrema do povo marajoara, cuja apresentação em nome do GDM, este caboco que vos fala teve a honra de subscrever.

Chegou-se a 2003, com Lula lá e a esperança que venceu o medo. A 7 de setembro de 2003, o Museu do Marajó realizou exposição do retorno simbólico do padre Giovanni Gallo (Turim-Itália, 1927 - Belém-Brasil, 2003) a Santa Cruz do Arari. Pelo GDM proferi palestra na Câmara Municipal sobre a Cultura Marajoara e ao encerramento os presentes assinaram a Carta do Lago Arari dirigida ao Presidente da República pedindo providências para conservação do patrimônio histórico e cultural do Marajó.

No mesmo ano, o GDM em conjunto com outras entidades civis dentre as quais a Diocese de Ponta de Pedras, Associação dos Municípios do Arquipélago do Marajó (AMAM) e outras mais, assinou a Carta de Muaná, de 08/10/2003 na I Conferência Regional de Meio Ambiente reivindicando implantação da APA-Marajó (Art. 13, VI, parágrafo segundo, da Constituição do Estado do Pará) seguida de estudos e procedimentos a fim de candidatá-la ao título de Reserva da Biosfera na rede brasileira do programa da UNESCO O Homem e a Biosfera.

Nessa marcha, em 2006, os Bispos do Marajó Dom Alessio Saccardo e Dom Frei José Luís Azcona, interpretando os sentimentos gerais dos marajoaras levaram ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em Brasília, pedido de estudos de emergência para controle da malária, assistência social e obras de infraestrutura. Enquanto se deveria elaborar plano de desenvolvimento regional de curto e médio prazos: criou-se assim sob supervisão da Ministra-Chefe da Casa Civil da Presidência, Dilma Rousseff, o Grupo Executivo de Acompanhamento de Ações no Arquipélago do Marajó (GEI-Marajó).

Em 2007, depois de várias reuniões preparatórias e cinco audiências públicas em diferentes municípios do Marajó, o Presidente Lula e a Governadora Ana Júlia foram a Breves para o lançamento oficial do tão esperado Plano de Desenvolvimento Territorial Sustentável do Arquipélago do Marajó (PLANO MARAJÓ). No ato solene, Lula entregou a uma moradora do Alto Anajás o primeiro Título de Autorização de Uso (TAU) de terras de marinha na antiga ilha dos Nheengaíbas. Ato tão singelo, quanto significativo que àquelas horas nem as autoridades nem o público perceberia a importância, a menos que anteriormente a Educação Nacional houvesse se empoderado de educadores da estirpe de Paulo Freire.

Mais um ano, o programa federativo Territórios da Cidadania - Marajó, através do CODETER, em 2008, fechou um ciclo histórico que se não pode perder na memória do povo marajoara. Infelizmente, o medo parece voltar atemorizando as esperanças da gente. 

                         BOSQUEJO HISTÓRICO

Mas, a resistência e a Defesa do Marajó apesar dos pesares continua de pé. Quando de fato começou a defesa do Marajó? Isto é, a resistência da brava gente marajoara contra a invasão das Ilhas e a inelutável perda territorial, da própria identidade e da memória histórica. Até os bichos tem direito natural a se defender, quanto mais seres humanos lesados em seus direitos fundamentais à vida e propriedade diante de ataques desferidos por outros seres humanos... Na lição do historiador José Honório Rodrigues (Teoria da História do Brasil) "Deus e a História não são para os mortos".... 

Diz ele que aos olhos do Eterno todos seres estão vivos (a meu modo de ver, eu acredito nisto se o Cosmo inteiro como a biosfera é dotado do que o filósofo da complexidade Edgar Morin chama de noosfera ou inteligência cósmica, energia misteriosa que os crentes chamam de Espírito Santo). 

A História propriamente dita - uma ciência evolutiva -, é pertencente às sucessivas gerações humanas, no fluxo continuo do interminável Presente, através da espiral evolutiva do espaço/tempo. Você pode não perceber ou não ter consciência na curta duração de uma vida individual: mas, de fato, o tempo não para... A não ser para quem morreu: e mesmo assim, o que o morto fez em vida continua a existir como a luz fóssil duma estrela extinta há milhões de anos a percorrer o espaço físico sem fim. 

Há "apenas" 5.000 anos, populações nômades palmilhavam as margens dos rios nas terras baixas da América do Sul. A ecologia das ilhas do Marajó, entre chuvas intensas e secas severas do delta-estuário do gigantesco Amazonas e embates furiosos com ventos e marés do oceano Atlântico, foi o atrativo maior para migração de animais predadores, aves aquáticas e gente do paleolítico em busca de piracemas. Daí nasceria a ecocivilização amazônica...

Por esse determinismo, informa a arqueóloga Denise Schaan, Cultura Marajoara, São Paulo: SENAC, 2010; o homem marajoara apegado à pesca de gapuia, por necessidade sob ditadura da água por natureza, acabou formando-se "engenheiro do Arari" (digo eu, plagiando o sumano arariuara Rosemiro Plamplona) na construção de aldeias suspensas, que nós chamamos tesos e os arqueólogos classificam como sítios arqueológicos.


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Assim, as diversas historiografias de décadas passadas formam como um álbum de família, que se renova de geração a geração em diferentes épocas históricas... A iconografia marajoara, por exemplo, faz parte do "álbum" nas fases arqueológicas mais antigas (cerca do ano 400 d.C. até próximo de 1600) e evidencia um tipo de linguagem ideográfica. Alguns acham que as urnas funerárias marajoaras, ricamente ornamentadas, onde matriarcas e caciques jaziam antes dos tesos ser arrombados e profanados por "civilizados", são como a pintura corporal de identidade dessas pessoas.

Havia guerra entre os diversos povos indígenas e etnias da região. Há evidência que os muitos grupos de língua e cultura Aruak do Amapá e ilhas do Pará travaram batalhas sangrentas contra invasores da grande nação Tupinambá, antes da chegada de europeus. Com a disputa colonial entre espanhóis e portugueses dentro da União Ibérica (1580-1640), de um lado; e holandeses, ingleses e franceses de outro; o conflito dos aruaques (chamados, pejorativamente, nheengaíbas) e tupinambás se intensificou debaixo da guerra colonial entre Católicos ibéricos e Hereges (protestantes franceses, ingleses e holandeses). 

Os antropófagos e vingativos Tupinambás, antes inimigos mortais dos Peró (portugueses) e amigos dos Mair (franceses) até o Maranhão, mudaram de partido quando perceberam que os Nheengaíbas eram invencíveis na guerra de guerrilhas defensivas com suas zarabatanas e dardos envenenados de curare, com suas canoas ligeiras com velas de jupati. Convocados a ser aliar ao inimigo de outrora contra Hereges e amigos destes, os famigerados Nheengaíbas. 

Provavelmente, a maior ambição dos conquistadores Tupinambás era uma espécie de paraíso selvagem, a chamada Terra sem males (lugar mítico onde não havia fome, trabalho escravo, doenças, velhice e morte), somente superado pela ilusão dos europeus em conquistar o país do El-Dorado. Os coloniais não podiam vencer a babel indígena sem catequizar e domesticar os selvagens, logo a missão era indispensável e os "índios cristãos" foram lançados contra Hereges e índios pagãos.

Por exemplo, o índio malvado Aruã dos séculos XVII e XVIII, se acabou manso e pacificamente no século XIX. Quando o criador do Museu Paraense Emílio Goeldi, Domingos Soares Ferreira Penna (Mariana-MG 1816 - Belém-PA 1888), em Chaves, entrevistou o velho Anselmo José, último aruã e que mal se lembrava de poucas palavras da sua língua materna. Foi este derradeiro índio "nheengaíba" quem disse a Ferreira Penna que a ilha grande, para aquela gente, se chamava Analau Yohynkacu em língua aruã. 

Os índios do Marajó acusados de pirataria e ameaçados com a pena de cativeiro e extinção, com a "guerra justa" requerida pela Câmara de Belém ao rei, em 1656, foram defendidos pelo Padre grande Antônio Vieira (Lisboa-Portugal, 1608 - Salvador-Bahia, 1697): começa aí o primeiro passo na longa estrada da DEFESA DO MARAJÓ, em 361 anos até hoje, projetando-se ao futuro além do horizonte da AGENDA 2030.

Os "nheengaibas" de ontem são os cabocos de hoje, saídos do mato à força de corda e baraço pelas "tropas de resgate" para amansar da peia nas aldeias das missões e, depois da língua-geral Nheengatu; aprender a falar português a peso de palmatória e se "civilizar" na marra sob ditado do famigerado Diretório dos Índios (1757-1798). Então, esses novos nheengaíbas entraram no terceiro milênio novamente acusados de ladrões de gado e piratas de rio, tal qual seus lesados antepassados. 

Esta gente que o mundo esqueceu, depois do Padre Vieira, teve como defensor o romancista da Amazônia, Dalcídio Jurandir (Ponta de Pedras-PA, 1909 - Rio de Janeiro-RJ, 1979), aquele missionário da Amazônia através de cartas e sermões; e este último através da literatura a partir dos romances Chove nos campos de Cachoeira e Marajó, escritos em 1939 na vila de Salvaterra, distrito de Soure. 

Trinta anos depois da lavratura do "Chove" e "Marajó", o carisma do payaçu dos índios reapareceu através da teologia libertária do bispo dom Angelo Rivatto S.J., na Prelazia de Ponta de Pedras (1967), que organizou o seminário Antônio Vieira e fundou a agrovila Antônio Vieira, por acaso, na antiga terra indígena dos Guaianazes [Guaianá] (Lugar de Vilar, 1758, segundo Alexandre Rodrigues Ferreira, em Notícia Histórica da Ilha Grande de Joanes ou Marajó, Lisboa, 1783), numa cooperativa rural de cerca de 14 comunidades. 

No ciclo da Prelazia e depois Diocese de Ponta de Pedras, comparece em grande destaque o famoso padre Giovanni Gallo S.J. inventor do extraordinário O Nosso Museu do Marajó (Santa Cruz do Arari, 1972), autor das obras Marajó, a ditadura da água, Motivos Ornamentais da Cerâmica Marajoara e O homem que implodiu. Este último uma autobiografia dilacerante em conflito aberto contra o bispo diocesano e o chefe político local. Com certeza, o padre dos pescadores do lago, atirou no que viu e acertou no que não viu: sem saber, ele acabou criando o primeiro ecomuseu e museu comunitário da Amazônia.

Enfim, transferido para Cachoeira do Arari, em 1981, o Museu do Marajó chegou a ser ao que é ou foi, não exatamente pela curiosidade do bezerro de duas cabeças, nem mesmo a vitoriosa campanha de venda de piranhas como souvenir. para levantar fundos para obras comunitárias. Mas, sim por "coisas que não prestam", os desprezíveis "cacos de índio" (fragmentos de peças arqueológicas deixadas ao relendo dos tesos saqueados para contrabando de cerâmica pré-colombiana), que a provocação do caboco Vadiquinho, por acaso, pelas mãos do vigário em seu labirinto para inventar a pastoral da paróquia fez mudar a história da resistência da gente marajoara.



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Camilo Martins Viana, decano dos ambientalistas da Amazônia.


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    GRUPO EM DEFESA DO MARAJÓ

Em 2012, através do Facebook, a dois anos para o GDM dar por terminada sua atividade, nós tentávamos nos comunicar à distância com a UFPA através da Pró-Reitoria de Extensão no campus Marajó (núcleos de Breves e Soure), a respeito da oportunidade para contribuir à história do desenvolvimento territorial do arquipélago do Marajó, em sua parceria com o CODETEM e AMAM estimulando TCC's de alunos sobre o movimento de educação ambiental coordenado pelos professores Marcondes Magalhães e Camilo Viana, entre os anos de 1985 a 1995. 

Foi nesse período que, no encerramento do ano letivo, aconteciam os chamados "Encontros em Defesa do Marajó" continuados de forma permanente durante vinte anos pelos voluntários do "Grupo em Defesa do Marajó - GDM", observando temática da Carta do Marajó-Açu, de Ponta de Pedras, de 30/04/1995. Assim, a UFPA poderia demonstrar perante a sociedade seu papel histórico indutor da integração dos municípios da mesorregião do Marajó, assumindo protagonismo do Protocolo de Cooperação entre estabelecimentos de ensino superior e pesquisa do Pará.

Não basta festejar vestibular e colação de grau se o povo analfabeto ficar isolado da produção acadêmica, entre chuvas e esquecimento, na vastidão de 500 e tantas comunidades-ilhas do maior arquipélago fluviomarinho do planeta Terra. É aí na Extensão que a porca torce o rabo nas ilhas do Marajó... Muitas vezes o caboco e sua família recebe de bom grado o pesquisador e passa a servir de graça como guia, informante, divide o açaí, o peixe frito e o camarão assado. Quando acaba, adeus dona Maria, seu Manuel e nenhuma linha do trabalho na comunidade que vai servir de dissertação de mestrado e tese de doutorado.

A universidade deve se convencer que numa região insular onde a informalidade reina, Descartes acaba falando só com seu próprio umbigo. Enquanto o acadêmico perde a viagem e a comunidade resta abestada como burro olhando para o palácio. Se antes de sintonizar o verbo para o povão entender o recado, a Universidade pensa logo na verba isto é sinal de que a vaca sagrada da santa Educação foi pro brejo. No caso, a temida jebre - zona dos Mondongos (pântanos, que merecem sítio Ramsar a par da APA que não ata nem desata e da Reserva da Biosfera mandada às calendas gregas, para não engessar o "progresso" do agronegócio dos arrozeiros de Cachoeira e já depressa o porto graneleiro de Ponta de Pedras) e da Contracosta - onde, depois de três séculos, ladrões de gado, piratas e outros excluídos e marginais da História vão se refugiar no convívio de fantasmas de velhos quilombos e mocambos. Onde outrora índios bravios, desertores e escravos fugidos iam esperar o tempo colonial passar. E já se sabe como acabou a história da Adesão de 15 de Agosto...

Todavia, para falar da atuação da UFPA em defesa do bom e velho Marajó carece lembrar de Camilo Vianna e Ana Rosa Bittencourt em atividades do CRUTAC / UFPA em Ponta de Pedras nos idos dos anos 60 do século passado. Hoje existe na cidade natal de Dalcídio Jurandir, além da escola-sede com nome do romancista da Amazônia, também uma escola da rede pública estadual com o nome da pranteada professora da UFPA. 

Na hipótese de TCC acima sugerido, talvez sem surpresa iríamos constar o fato de que quase ninguém sabe quem foi e o que Ana Rosa Bittencourt fez no município para ter seu nome "lembrado" numa escola de ensino público. Então talvez a gente local descobriria o que significa nesta história a sigla CRUTAC. Lembraria ainda do professor Camilo e suas quixotadas memoráveis em favor do meio ambiente e da brava gente brasileira. Camilo era, de verdade, a cara do CRUTAC para nós que nem sabíamos a história do CRUTAC e como e porque ele chegou ao Marajó... 

A nova geração não sabe o que significa CRUTAC, porém eu posso dizer que ele foi pai da SOPREN e avô do GDM. Tal qual o capitão-mor do Rio Grande do Norte veio ao Grão-Pará fundar a cidade de Belém, também daquele estado nordestino o CRUTAC veio dar vida nova à anêmica Extensão da UFPA, trazendo ao povo paraense a experiência da cidade de Santa Cruz (RN). CRUTAC – Centro Rural Universitário de Treinamento e Ação Comunitária é um programa pioneiro de extensão universitária, criado e implantado por Onofre Lopes, primeiro reitor da Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN, em 1966.

Com esta semente nordestina plantada no solo pedregoso marajoara, onde migrantes expulsos pelas secas fizeram brotar a nossa agricultura familiar em Mangabeira; a Extensão Universitária fez sentido naquela terra dando frutos tais, como a cooperativa cabocla kibutziana da "Nella" (hoje ninguém sabe ninguém viu...), o badalado POEMA (programa em cooperação internacional Pobreza e Meio Ambiente na Amazônia), deu chance a contestadores da opção preferencial da EMBRAPA pelos ricos, à experiência exitosa da Agricultura Familiar Sustentável em Jaguarajó. E ainda deu ao município o case de insucesso do projeto de execução descentralizada PED-GUAIANÁ financiado pelo Banco Mundial a fundo perdido, que perdeu a chance, mas não elogios técnicos e processo da Polícia Federal por malversação de recursos públicos.

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Já falei demais e ainda não disse como foi que o GDM se despediu da história marajoara, na esperança do Movimento Marajó Forte, em especial a campanha para criação da UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARAJÓ. O MMF veio no bojo do NÃO à divisão do Pará no plebiscito sobre projetos dos estados do Carajás e Tapajós. Ultimamente, circulam vozes em torno do Bispo Emérito da Prelazia do Marajó, dom José Luís; em favor da criação de um certo Território Federal do Marajó e eu que, enquanto jovem repórter, escrevi artigo em apoio à ideia, depois de cinquenta anos de danças e contradanças em defesa da pobre gente marajoara; hoje diria NÃO. 

Já se a pergunta for a respeito da criação do Estado do Marajó eu digo SIM. E sim com a criação da Universidade Federal do Marajó e tudo, à condição de que afinal de contas, antes de 2030, seja o Povo Marajoara quem mais comande sua própria história.

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