A defesa dos Direitos Humanos das comunidades tradicionais retratadas na obra literária do romancista da Amazônia, Dalcídio Jurandir (Ponta de Pedras, 10/01/1909 - Rio de Janeiro, 16/06/1979) e das atuais populações indígenas, afrodescendentes e ribeirinhas cabocas.
segunda-feira, 7 de janeiro de 2019
CABANOS UNIDOS NUNCA SERÃO VENCIDOS.
Monumento da Cabanagem - "o dedo decepado da História" -, engalanado de cores simbólicas aos 184 anos da eclosão da Revolução Paraense de 1835.
O espírito da história reside no inconsciente da gente. Bicho do fundo... Mas, a gente não sabe que a memória ancestral está profundamente gravada no coração do povo. Todavia, este mesmo povo raramente sabe que sabe ser ele mesmo o destinatário de sua própria história.
Por isto, devotos colonias das armas e barões assinalados e herdeiros das capitanias hereditárias sonegam o conhecimento do poder da luta de libertação dos fracos e oprimidos que vem desde os tempos do Presépio de Jesus Cristo, em Belém da Palestina, na Antiguidade judaica. "Fizemos Cristo nascer na Bahia, ou em Belém do Pará" (Oswald de Andrade, Manifesto Antropofágico, 1928)...
O antigo Presépio de Belém de Judá trazia a paz à humanidade filha da animalidade: o Presépio de Belém da Amazônia trouxe a guerra colonial às tribos perdidas do cativeiro do Rio Babel.
A história da Cabanagem, na Amazônia, é a memória dilacerante da Colonialidade que hoje ainda nos assombra, passados 403 anos da ereção do forte do Presépio por soldados portugueses e guerreiros da nação Tupinambá, sob o pendão da União Ibérica (1580-1640).
O Monumento da Cabanagem resiste ao esquecimento da tragédia do Brigue Palhaço. Nossos professores mal preparados e mas assistidos, são perseguidos se por conta própria ensinar a verdadeira história dos acontecimentos das províncias. As sete guerras da Regência, do Oiapoque ao Chuí, teve por motivo comum o espectro da revolução dos escravos em Santo Domingo (Haiti). Nós temos diferentes historiografias decepadas como o corpo de Tiradentes, esquartejado. Falta-nos a história unificada do Povo Brasileiro.
O simbólico Monumento da Cabanagem foi um significativo presente do arquiteto de Brasília, Oscar Niemeyer, ao sesquicentenário da revolução paraense. Bela iniciativa do jornalista e historiador Carlos Rocque no primeiro governo estadual de Jader Barbalho, em 1985. Devemos a Carlos Rocque a resinificação da Revolução Paraense, inclusive a denominação do Palácio Cabanagem, sede do Assembleia Legislativa do Estado do Pará. O monumento do Entroncamento representa, segundo palavras de seu criador, "o dedo decepado da História"...
Devemos saudar, neste transe obscuro do destino nacional, a decisão política do governador do Pará, Helder Barbalho; em tirar a Cabanagem do ostracismo 34 anos depois das comemorações do Sesquicentenário. A partir de hoje até o aniversário de Belém do Grão-Pará, próximo dia 12; quem passar frente ao Cabanagem verá acesas as luzes da memória dos cabanos. Perguntará talvez o que isso significa e ao saber há de ter orgulho dessa brava gente.
Urge, portanto que seja organizado Roteiro Histórico da Cabanagem seguindo a indicação geo-turística desse dedo decepado. Assim, o povo paraense será estimulado a prosseguir no caminho dos buscadores da Yby Maraey (Terra sem Mal), utopia tupi-guarani onde não existe fome, trabalho escravo, doença, velhice e morte.
Eis aí a origem remota da Cabanagem iniciada na revolta dos Tupinambás, em 7 de Janeiro de 1619; e que se casou com o Sebastianismo na Amazônia portuguesa.
Isto é Belém! Isto é Pará! Isto é Brasil!
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