sábado, 14 de janeiro de 2017

Quando abril chegar

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Samaúmeira - árvore mãe da mata

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quando o tempo mudar, o sol há de brilhar nos verdes campos de Cachoeira na beira do rio Arari e o chalé-ilha do Marajó batido de vento e chuva será como uma grande árvore das palavras a par do arco do triunfo da Criaturada grande de Dalcídio. 




Quando abril chegar

Tal qual uma parruda samaúma em seu mister
de plantar sementes aéreas carregadas pela pluma
do vento
eu semeio verbos no ar com as mãos da brisa
a levar além das distâncias o tempo
onde o pensamento vai germinar e criar 
novas paisagens e mundos novos 
acordar consciências adormecidas lá longe 
onde gados do vento vão beber e pastar.

Em janeiro debaixo de chuva medito na rede virtual
que nem pajé zenbubuia deixando a maré me levar
lembrando a mestiça heresia dos índios
quando o sisudo caraíba a caminho da forca
declarou ao inquisidor da visitação do Santo Ofício
na Bahia de todos santos e encantos:
Deus criou o homem para dormir e sonhar.

Ai de mim assim! Sonhador insone
transgressor de cânones consagrados
ateu graças a Deus que nem
a sina herética do índio sutil por amor 
a Amazônia e ao gigante país do Futuro Brasil
ponho-me a sonhar entre rios de janeiro 
e chuva nos campos de Cachoeira 
a pensar que todo mês de janeiro 
tem dia de Bastião, fevereiro e março carnaval
pra tudo se acabar em Cinzas na quarta-feira...

Mas a esperança que venceu o medo renasce
em abrir abrindo o sol a brilhar para todos
como naqueles dez dias de abril em Porto Seguro
quando índios Pataxó descobriram as caravelas 
de Cabral e as índias fizeram carnaval 
e dançaram o vira com marujos lusos animados 
juntos e admirados de suas respectivas diferenças brincaram e folgaram
sonhando talvez um novo mundo maravilhoso.

Trinta anos depois do Descobrimento 
as capitanias hereditárias e extração de pau-brasil mataram o sonho que vagava entre árvores e esquecimentos
então aquele primeiro abril da história do Brasil
virou pesadelo e mentira de primeiro de abril
Porém outros abris viriam ao longo do tempo
com Tiradentes, manifestação de Adesão do Pará
de 14 de Abril, em 25 os cravos de Portugal vermelharam, Juscelino inaugura Brasília, 
Tancredo morre no parto da nova república...
Abril, abril, abril...

Abril traga-nos o sol da liberdade em raios fúlgidos
e leve as lágrimas da chuva que lavam as ruas.

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