EMPODERAMENTO DA CRIATURADA
Os Objetivos do Milênio, nos últimos 15 anos passados, até 2015, pouco foram notados pelos ribeirinhos do arquipélago do Marajó, descendentes dos antigos nheengaíbas; apesar de consideráveis esforços feitos pela comunidade nos últimos dez anos. Já as esperanças dos marajoaras se voltam aos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) no horizonte de Agenda 2030 da ONU.
Acesse informações com as últimas notícias sobre a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável em nacoesunidas.org/pos2015
Segundo o PNUD, o conceito de desenvolvimento humano nasceu definido como um processo de ampliação das escolhas das pessoas para que elas tenham capacidades e oportunidades para serem aquilo que desejam ser.
Diferentemente da perspectiva do crescimento econômico, que vê o bem-estar de uma sociedade apenas pelos recursos ou pela renda que ela pode gerar, a abordagem de desenvolvimento humano procura olhar diretamente para as pessoas, suas oportunidades e capacidades. A renda é importante, mas como um dos meios do desenvolvimento e não como seu fim. É uma mudança de perspectiva: com o desenvolvimento humano, o foco é transferido do crescimento econômico, ou da renda, para o ser humano.
O conceito de Desenvolvimento Humano também parte do pressuposto de que para aferir o avanço na qualidade de vida de uma população é preciso ir além do viés puramente econômico e considerar outras características sociais, culturais e políticas que influenciam a qualidade da vida humana. Esse conceito é a base do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH).
O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) é uma medida resumida do progresso a longo prazo em três dimensões básicas do desenvolvimento humano: renda, educação e saúde. O objetivo da criação do IDH foi o de oferecer um contraponto a outro indicador muito utilizado, o Produto Interno Bruto (PIB) per capita, que considera apenas a dimensão econômica do desenvolvimento.
O índice varia de zero (nenhum desenvolvimento humano) a um (desenvolvimento humano total). Países com IDH até 0,499 têm desenvolvimento humano considerado baixo, os países com índices entre 0,500 e 0,799 são considerados de médio desenvolvimento humano e países com IDH superior a 0,800 têm desenvolvimento humano considerado alto. Abaixo de 0,499 são considerados Muito Baixos.
Segundo o estudo do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), divulgado na segunda-feira (29) e intitulado "Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil 2013", o Pará tem 8 municípios com IDHM muito baixo (ver figura abaixo). Sendo que, seis municípios (Afuá, Anajás, Portel, Bagre, Chaves e Melgaço) estão situados na Mesorregião do Marajó. E o município de Melgaço tem o pior IDHM do Brasil.
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Os baixos somam 88. Os médios são 44 e os que alcançaram índices de desenvolvimento humano classificados como Alto foram três: Ananindeua, Belém e Parauapebas.
IDHM - RANKING DOS MUNICÍPIOS MARAJOARAS
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IDHM - Educação
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Taxa de Analfabetismo
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Renda - Pobreza
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Vulnerabilidade - Crianças
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Vulnerabilidade - Mulheres
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Vulnerabilidade - Trabalho, Emprego e Renda
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Vulnerabilidade - Habitação
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População
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Demografia
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(PNUD/Atlas Brasil 2013)
CARTA DO PADRE ANTÕNIO VIEIRA AO REI DE PORTUGAL DOM AFONSO VI
"Na grande bôca do rio das Amazonas está atravessada uma ilha de maior comprimento e largueza que todo o reino de Portugal e habitada de muitas nações de índios, que, por serem de línguas diferentes e dificultosas, são chamados geralmente Nheengaíbas. Ao princípio receberam estas nações os nossos conquistadores em boa amizade; mas, depois que a larga experiência lhes foi mostrando que o nome de falsa paz com que entraram, se convertia em declarado cativeiro, tomaram as armas em defesa da liberdade, e começaram a fazer guerra aos Portuguêses em tôda a parte. Usa esta gente de canoas ligeiras e bem armadas, com as quais não só impediam e infestavam as entradas, que nesta terra são tôdas por água, em que roubaram e mataram muitos Portuguêses; mas chegavam a assaltar os índios cristãos em suas aldeias, ainda naquelas que estavam mais vizinhas às nossas fortalezas, matando e cativando: e até os mesmos Portuguêses não estavam seguros dos Nheengaíbas dentro de suas próprias casas e fazendas, de que se vêm ainda hoje muitas despovoadas e desertas, como sitiados, sem lograr as comodidades do mar, da terra e dos rios, nem ainda a passagem dêles, sinão debaixo das armas. Por muitas vêzes, quiseram os governadores passados tirar êste embaraço tão custoso ao Estado, empenhando na emprêsa tôdas as forças dêle, assim de índios como de Portuguêses, como os cabos mais antigos e experimentados; mas nunca desta guerra, se tirou outro efeito mais que o repetido desengano de que as nações Nheengaíbas eram inconquistáveis pela ousadia, pela cautela, pela astúcia e pela costância da gente, e, mais que tudo, pelo sítio inexpugnável com que as defendeu e fortificou a mesma natureza. E’ a ilha tôda composta. dum confuso e intricado labirinto de rios e bosques espessos, aquêles com infinitas entradas e saídas, êstes sem entrada nem saída alguma; onde não é possível cercar, nem achar, nem seguir, nem a inda ver o inimigo, estando êle, no mesmo tempo, debaixo da. trincheira das árvores, apontando e empregando as suas frechas. E porque êsse modo de guerra volante e invisível não tivesse o estorvo natural da casa, mulheres e filhos, a primeira coisa que fizeram os Nheengaíbas, tanto que se resolveram à guerra com os Portuguêses, foi desfazer e como desatar as povoações em que viviam, dividindo as casas pela terra dentro a grandes distâncias, para que em qualquer perigo pudesse uma avisar às outras, e nunca serem acometidas juntas. Desta sorte ficaram habitando tôda a ilha, sem habitarem nenhuma parte dela, servindo-lhes, porém, em tôdas, os bosques de muro, os rios de fôsso, as casas de atalaia e cada Nheengaíba de sentinela, e as suas trombetas de rebate."
P. Antônio Vieira, Belém do Pará 29/11/1659 - publicada em Lisboa 11/02/1660.
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