quinta-feira, 5 de setembro de 2019

Dia da Amazônia.

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Monumento ao Índio, tributo memorial à nação Tupinambá na praça Brasil em Belém do Pará.



Hoje se comemora no Brasil o DIA DA AMAZÔNIA. Lembrança da criação da Província do Amazonas por ato imperial de Dom Pedro II, em 5 de Setembro de 1850. Nunca dantes na história deste país foi tão necessário levar a brava gente brasileira pensar a respeito da sua região amazônica. Mais da metade do território nacional. 

Todavia, é preciso botar índio na História do Brasil, sobretudo no que toca à nossa Amazônia conquistada pela nação Tupinambá e colonizada por Portugal nosso primeiro soberano, cuja herança nos faz honra em participar da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), esta ponte lusófona para o mundo.

Em primeiro lugar, a criação da Província do Amazonas consolida um longo processo histórico que começou nas disputas internas pré-coloniais das regiões amazônicas entre as primeiras nações indígenas, antes do primeiro europeu ter posto os pés no chão vermelho das Américas. Muito antes da chegada dos conquistadores cristãos, os senhores do novo mundo haviam noção de Amerik (donde veio o nome do continente atribuído ao navegador Amerigo Vespucci), "país de Amerik", montanhas das margens do lago Nicarágua, atribuído a "Ik", deus do vento. Ou seja, o ar que se respira, em língua e cultura Maia.  

O 5 de Setembro faz parte da construção histórica do maior país dentre os nove países amazônicos. Sem dúvida a maior parte do condomínio banhado pelo maior rio do mundo, onde a Floresta Amazônica e o que ela guarda em seu subsolo atiça a cobiça estrangeira. Contudo, dizer assim sem maiores explicações o motivo pelo qual se comemora o dia da Amazônia, é comparável a um recorte de jornal encontrado no fundo da gaveta sem mais nem menos. Há que ter em mente o Estado do Amazonas desde as suas origens até os dias de hoje e a perspectiva do amanhã. A luta de Ajuricaba dos Manaus contra o cativeiro dos índios pelas "tropas de resgate" (eufemismo para caçadores de escravos), a Cabanagem (1835-1840), o golpe da Menoridade de Dom Pedro II (1840), com que as guerras da Regência tiveram termo... 

Eu quero dizer por aqui, que se na corrente do rio de Heráclito não existissem antecedentes não haveria Amazônia brasileira, não teríamos nenhum dia da Amazônia. Várias datas históricas poderiam ser consideradas "o dia da Amazônia". Antes de todos, o dia em que se chamou "rio das Amazonas"... Vão logo sabendo que isto não aconteceu pelo fato do "descobrimento" pelo espanhol Francisco de Orellana e o suposto encontro dos espanhóis com as mulheres guerreiras chamadas Icamiabas ou Cunhãteko-ima ("mulheres sem marido"). Segundo o escrivão da jornada, frei Gaspar de Carvajal, o rio foi chamado Rio Grande de Orellana... Cem anos depois, Pedro Teixeira subiu o grande "rio das Amazonas", desde Belém do Pará até Quito (Equador) com alguns soldados portugueses e 1.200 índios Tupinambás (1637 - 1639). 

A "Amazônia", então, era chamada Maranhão e Grão-Pará e antes de ser portuguesa, foi francesa: num caso e noutrro graças à Nação Tupinambá: e já se sabe que a utopia selvagem da Yby Marãey (Terra sem Mal) foi o fio condutor da saga desta gente desde o Paraguai até os confins do Alto Amazonas... O desafio em achar uma data magna envolvendo o guerreiro Tupinambá durante o processo de invenção da Amazônia não é fácil de achar e ter consenso.

Minha data magna da Amazônia eu já a declarei diversas vezes. Ela foi promovida por acaso ou obra da divina Providência no dia 27 de Agosto de 1659; quando o padre Antônio Vieira, conseguiu impedir a "guerra justa" (extinção e cativeiro), ou seja o genocídio dos Marajoaras. E fazer as pazes entre os Nheengaíbas e portugueses do Pará aliados aos Tupinambás. 

Nesse dia, diz o Padre grande; os Nheengaíbas aceitaram a soberania do reino de Portugal e a fé em Jesus Cristo. Deste modo, o Pará dali em diante contando com a amizade daqueles índios inimigos hereditários dos ditos Tupinambás invasores das Ilhas e caçadores de "negros da terra" (escravos indígenas) e, por extensão, inimigos dos portugueses aliados aos antropófagos, deu-se por encerrada uma guerra suja de mais de quarenta anos para conquista do "rio Babel" ou das "Almazonas"... 

Entretanto, custa aceitar o 27 de Agosto como verdadeiro DIA DA AMAZÔNIA, porque esta história passada no rio dos Mapuá, na ilha do Marajó, é considerada 'inverossímil' e não tem interesse acadêmico. Todavia, os fatos históricos relacionados não dependem fundamentalmente da célebre carta do padre Antônio Vieira ao rei de Portugal, de 29/11/1659 publicada em 11/02/1660... O que vale é que a esperada "guerra justa" não aconteceu, os famigerados Nheengaíbas dali em diante pacificados seguiram o padre e foram com ele fundar as aldeias missionárias de Aricará (1659, Melgaço, 1758) e Arucará (1659, Portel, 1758). Por último, se de fato não houve a paz negociada - seja lá como foi em realidade -, e consentida pelos rebeldes dando fim às suas rixas hereditárias; por que então os colonos se desesperaram e botaram os padres fora do Pará a ponta pés, em 1661? 

O nosso famoso Grito do Ipiranga não passou de uma fábula romântica com pintura épica. Mas, o 7 de Setembro é o que vale. Embora historiadores relembrem que o Brasil, de fato, estava independente desde 20 de Agosto de 1822: dia em que, por esta mesma razão histórica, comemora-se o Dia do Maçom.  

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