A defesa dos Direitos Humanos das comunidades tradicionais retratadas na obra literária do romancista da Amazônia, Dalcídio Jurandir (Ponta de Pedras, 10/01/1909 - Rio de Janeiro, 16/06/1979) e das atuais populações indígenas, afrodescendentes e ribeirinhas cabocas.
quinta-feira, 5 de setembro de 2019
Dia da Amazônia.
Monumento ao Índio, tributo memorial à nação Tupinambá na praça Brasil em Belém do Pará.
Hoje se comemora no Brasil o DIA DA AMAZÔNIA. Lembrança da criação da Província do Amazonas por ato imperial de Dom Pedro II, em 5 de Setembro de 1850. Nunca dantes na história deste país foi tão necessário levar a brava gente brasileira pensar a respeito da sua região amazônica. Mais da metade do território nacional.
Todavia, é preciso botar índio na História do Brasil, sobretudo no que toca à nossa Amazônia conquistada pela nação Tupinambá e colonizada por Portugal nosso primeiro soberano, cuja herança nos faz honra em participar da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), esta ponte lusófona para o mundo.
Em primeiro lugar, a criação da Província do Amazonas consolida um longo processo histórico que começou nas disputas internas pré-coloniais das regiões amazônicas entre as primeiras nações indígenas, antes do primeiro europeu ter posto os pés no chão vermelho das Américas. Muito antes da chegada dos conquistadores cristãos, os senhores do novo mundo haviam noção de Amerik (donde veio o nome do continente atribuído ao navegador Amerigo Vespucci), "país de Amerik", montanhas das margens do lago Nicarágua, atribuído a "Ik", deus do vento. Ou seja, o ar que se respira, em língua e cultura Maia.
O 5 de Setembro faz parte da construção histórica do maior país dentre os nove países amazônicos. Sem dúvida a maior parte do condomínio banhado pelo maior rio do mundo, onde a Floresta Amazônica e o que ela guarda em seu subsolo atiça a cobiça estrangeira. Contudo, dizer assim sem maiores explicações o motivo pelo qual se comemora o dia da Amazônia, é comparável a um recorte de jornal encontrado no fundo da gaveta sem mais nem menos. Há que ter em mente o Estado do Amazonas desde as suas origens até os dias de hoje e a perspectiva do amanhã. A luta de Ajuricaba dos Manaus contra o cativeiro dos índios pelas "tropas de resgate" (eufemismo para caçadores de escravos), a Cabanagem (1835-1840), o golpe da Menoridade de Dom Pedro II (1840), com que as guerras da Regência tiveram termo...
Eu quero dizer por aqui, que se na corrente do rio de Heráclito não existissem antecedentes não haveria Amazônia brasileira, não teríamos nenhum dia da Amazônia. Várias datas históricas poderiam ser consideradas "o dia da Amazônia". Antes de todos, o dia em que se chamou "rio das Amazonas"... Vão logo sabendo que isto não aconteceu pelo fato do "descobrimento" pelo espanhol Francisco de Orellana e o suposto encontro dos espanhóis com as mulheres guerreiras chamadas Icamiabas ou Cunhãteko-ima ("mulheres sem marido"). Segundo o escrivão da jornada, frei Gaspar de Carvajal, o rio foi chamado Rio Grande de Orellana... Cem anos depois, Pedro Teixeira subiu o grande "rio das Amazonas", desde Belém do Pará até Quito (Equador) com alguns soldados portugueses e 1.200 índios Tupinambás (1637 - 1639).
A "Amazônia", então, era chamada Maranhão e Grão-Pará e antes de ser portuguesa, foi francesa: num caso e noutrro graças à Nação Tupinambá: e já se sabe que a utopia selvagem da Yby Marãey (Terra sem Mal) foi o fio condutor da saga desta gente desde o Paraguai até os confins do Alto Amazonas... O desafio em achar uma data magna envolvendo o guerreiro Tupinambá durante o processo de invenção da Amazônia não é fácil de achar e ter consenso.
Minha data magna da Amazônia eu já a declarei diversas vezes. Ela foi promovida por acaso ou obra da divina Providência no dia 27 de Agosto de 1659; quando o padre Antônio Vieira, conseguiu impedir a "guerra justa" (extinção e cativeiro), ou seja o genocídio dos Marajoaras. E fazer as pazes entre os Nheengaíbas e portugueses do Pará aliados aos Tupinambás.
Nesse dia, diz o Padre grande; os Nheengaíbas aceitaram a soberania do reino de Portugal e a fé em Jesus Cristo. Deste modo, o Pará dali em diante contando com a amizade daqueles índios inimigos hereditários dos ditos Tupinambás invasores das Ilhas e caçadores de "negros da terra" (escravos indígenas) e, por extensão, inimigos dos portugueses aliados aos antropófagos, deu-se por encerrada uma guerra suja de mais de quarenta anos para conquista do "rio Babel" ou das "Almazonas"...
Entretanto, custa aceitar o 27 de Agosto como verdadeiro DIA DA AMAZÔNIA, porque esta história passada no rio dos Mapuá, na ilha do Marajó, é considerada 'inverossímil' e não tem interesse acadêmico. Todavia, os fatos históricos relacionados não dependem fundamentalmente da célebre carta do padre Antônio Vieira ao rei de Portugal, de 29/11/1659 publicada em 11/02/1660... O que vale é que a esperada "guerra justa" não aconteceu, os famigerados Nheengaíbas dali em diante pacificados seguiram o padre e foram com ele fundar as aldeias missionárias de Aricará (1659, Melgaço, 1758) e Arucará (1659, Portel, 1758). Por último, se de fato não houve a paz negociada - seja lá como foi em realidade -, e consentida pelos rebeldes dando fim às suas rixas hereditárias; por que então os colonos se desesperaram e botaram os padres fora do Pará a ponta pés, em 1661?
O nosso famoso Grito do Ipiranga não passou de uma fábula romântica com pintura épica. Mas, o 7 de Setembro é o que vale. Embora historiadores relembrem que o Brasil, de fato, estava independente desde 20 de Agosto de 1822: dia em que, por esta mesma razão histórica, comemora-se o Dia do Maçom.
segunda-feira, 2 de setembro de 2019
Louvado seja!
O NOME DISTO É EMPATIA: Francisco, o Papa das periferias; além de comunista primitivo que nem os cristãos dos primeiros dias da igreja aramaica de Jesus Cristo, o hermano argentino é o mais budista de todos quantos calçaram as sandálias do Pescador.
Bispos católicos de todo mundo já preparam malas de viagem rumo à "cidade eterna" onde eles de diferentes partes do mundo em crise vão se reunir a chamado do Papa para meditar - isto mesmo, o Sínodo deve ser uma profunda meditação coletiva, na qual a inteligência infinita da Vida possa se conectar com esta nossa vida finita -, entre os dias 6 e 27 de outubro de 2019, buscando inspiração para salvar a Amazônia da cobiça desvairada do deus Dinheiro, que botou fogo na Floresta Amazônica.
Diziam os antigos, "todos caminhos levam a Roma"... Hoje, entretanto, os caminhos das Índias levam ao novo império romano em Washington D. C. Todavia, a velha Roma conquistada pelo sangue derramado dos mártires parece renascer cheia de graça e redenção para toda humanidade e clama pela justiça e a paz para toda família humana em harmonia com todos mais seres vivos em nossa casa comum, mãe Terra.
Francisco de Assis batizou o mandato pastoral de Francisco de Buenos Aires... E eu que não creio, me pego cantando a singela canção "Gente humilde" desses dois ateus que são Chico Buarque e Vinícius de Moraes. E peço a Deus por minha gente, a criaturada de Dalcídio... Então, eu queria em nome desta gente pedir aos dois bispos do Marajó, dom Teodoro sumano espiritano cabo-verdiano e dom frei Evaristo benquisto franciscano catarinense, um favorzinho especial: no Sínodo da Amazônia falem da Paz de Mapuá, de 27 de Agosto de 1659 , celebrada na igreja indígena do Santo Cristo do rio dos Mapuá entre o padre Antônio Vieira, superior da Missão da Companhia de Jesus no estado-colônia do Maranhão e Grão-Pará e os caciques rebeldes chamados Nheengaíbas (cf. padre Serafim Leite, "História da Companhia de Jesus no Brasil", IV tomo).
Esta incrível história dos Jesuítas na Amazônia, entre árvores e esquecimento, completou 360 anos no último dia 27 próximo passado. Os senhores do tempo, declaram que este acontecimento não tem interesse acadêmico, posto que a carta que o padre grande dos índios escreveu ao rei Alfonso VI é inverossímil... Inverossímil, dizem. Embora um filósofo antigo tenha sentenciado que a verdade está na boca dos ignorantes, dos loucos e dos poetas. O padre grande dos índios, ignorante ele não era, nem louco, mas sim poeta e profeta do reino de Jesus Cristo consumado na terra...
Na Terra sem males, acrescento eu. O certo é que os índios, quilombolas e cabocos ainda estão à margem da História depois da grave denúncia de Bartolomeu de Las Casas, em que Antônio Vieira se inspirou na missão na Amazônia, entre 1652 e 1661, quando foi violentamente expulso para ser condenado no tribunal da Inquisição sob acusação de heresia judaizante.
Boa viagem aos Bispos do Marajó, sucesso ao Sínodo da Amazônia, saúde e vida longa ao Papa Francisco!
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