Depois da tempestade vem a bonança? Quem viver dirá. Eu devia dar parabéns de aniversário a minha cidade de Ponta de Pedras, repetir a lição de madre Olvídia Dias, de que as pedras que somos não estão de ponta, mas ligadas entre si... Falta mais cimento afetivo. E a hora é esta... Vamos nos preparar mais para vencer esta guerra de "panemia" -- quando a panema (azar) apavora gente pobre de espírito e carente de fé, já diziam os nossos velhos cabocos acostumados a pescar 'lá fora' além do Cabo Norte e a peiar boi erado, "axi de merda, quem tem medo nasce morto"... Eles diziam. Conheci noutros tempos um velho caçador de onças e jacarés, que morria de medo de tomar injeção...
Morou na filosofia desta gente que o mundo esqueceu? Quem tem cu tem medo, isto não é segredo. Mas, do mesmo modo que há que enfrentar cobragrande, onça, jacaré, piranhas, também a febre terçã, a morte e bicho do fundo; a vida só quer coragem dos viventes... Bom será estar atento e forte sem tempo de temer a morte, também o pós-coronavírus que cedo ou tarde há de chegar: o pior de tudo seria voltar tudo "ao normal"... Pois, então, bora nos unir pra fazer um novo mundo diferente do que passou, uma sociedade menos desigual.
Eu desejo a ti, ó minha vilarana do Itaguari; um bem viver feliz e seguro. Hoje eu estou com 82 anos de idade no grupo de risco (idoso diabético), me sentindo como o gato de Schrödinger (meio morto/meio vivo), jogando roleta russa com o terrível Covid 19, em prisão domiciliar sem ter cometido crime... Mas não tem nada não. Enquanto eu não viajar para a terra sem males encantada e for me encontrar com os mortos da nossa vida, enquanto o pulso pulsar, meu velho coração marajoara bater dentro do peito e não me faltar ar no último suspiro; sinto que é meu dever, a minha sina; sonhar um Marajó Melhor para toda Criaturada grande de Dalcídio.
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