domingo, 2 de setembro de 2018

O TURISMO É A VOCAÇÃO ECONÔMICA DO MARAJÓ E O DIA DE ALFREDO A GRANDE CELEBRAÇÃO DA CRIATURADA DE DALCÍDIO.

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romance seminal do ciclo Extremo-Norte (capa da 1ª ed., 1941), com o qual Dalcídio Jurandir iniciou o ciclo romanesco Extremo Norte acrescentado do romance proletário "Linha do Parque", com tema do Rio Grande do Sul; que constitui o conjunto de obras literárias do autor distinguido pelo Prêmio Machado de Assis (1972), da Academia Brasileira de Letras (ABL).



Quis a história do povo marajoara que dois homens extraordinários, o nativo Dalcídio Jurandir e o italiano Giovanni Gallo; que não se conheceram na vida, na morte se tornassem inseparáveis e indispensáveis para desenvolvimento humano solidário da gente a mais despossuída da Amazônia Marajoara. Então, pensando sobre este fato eu me pergunto, por que não unir as suas obras num projeto original voltado à Agenda 2030 dos ODS - Marajó com foco no bairro pobre do Choque, da cidade de Cachoeira do Arari; com referência à necessária atualização do PLANO MARAJÓ  para 2019-2022? O bairro do Choque teria este nome devido a frequentes choques do peixe elétrico Puraqué (Electrophorus electricus), na fala narajoara; nome vulgar 'Poraquê' no restante do país; causado a moradores das palafitas em suas idas e vindas do centro da cidade. Aí foi instalada numa área da margem do rio Arari, supostamente "terra de marinha" (vide Secretaria do Patrimônio da União - SPU), com financiamento público pela SUDAM, a fábrica de extração de óleo de ucuúba (Virola surinamensis) e andiroba (Carapa guianensis) denominada "Oleaginosas de Cachoeira do Arari - OLEICA", a qual veio a falir e ficou inadimplente, deixando o prédio em ruína e o terreno abandonado entregue ao pasto de cavalos soltos que espontaneamente adotaram as instalações como "curral das éguas". 

Em conflito aberto com governantes do município de Santa Cruz do Arari e o bispo diocesano de Ponta de Pedras (O homem que implodiu, Giovanni Gallo: Secult, Belém-PA, 1996), padre Gallo cerca de 1983 vendeu ao governo estadual instalações do Museu do Marajó no referido município e com os recursos obtidos adquiriu a massa falida da OLEICA e saldou a dívida da empresa que passou a ser sede e patrimônio do MdM. Com ajuda da Prefeitura de Cachoeira do Arari, a comunidade atendeu em peso o chamado para mutirão de limpeza das instalações e do terreno invadido pelo mato, Gallo jogou-se de corpo e alma a refazer a exposição que foi terminada em 1984, com abertura do museu ao público naquele ano. Assim começou a fase cachoeirense do "museu do padre Gallo". 

15 anos depois de sua morte, agora com a cicatrização de feridas entre associados abertas na disputa de diretoria de 2010, entre presumíveis "herdeiros" da obra; se oferece uma tímida oportunidade de parceria entre a nova diretoria da "Associação comunitária O Nosso Museu do Marajó" e instituições públicas e privadas de renome, notadamente o IFPA e a UFPA que poderiam estimular o Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG) a contemplar uma nova fase da sua histórica presença no Marajó, além das pesquisas e atividades de extensão comunitária na Estação Científica Ferreira Penna (ECFP/MPEG), em área da Floresta Nacional de Caxiuanã (Flona Caxiunã).

Com este ligeiro informe, gostaria em primeiro lugar, de enfatizar a Extensão Universitária na região marajoara desde a experiência do CRUTAC / UFPA, nos anos 70, que abriu caminho à interiorização da Universidade Federal do Pará e a implantação do Campus UFPA de Soure em 1986. Deste modo, eleger a Educação Inclusiva em todos níveis, a partir da creche comunitária até a pós-graduação; como estratégia democrática para o desenvolvimento sustentável, Logo, assim, assegurar amparado publico e privado ao MUSEU DO MARAJÓ (MdM) a par das esperanças de uma futura Universidade Federal do Marajó que deverá absorver e substituir - sem pressa e sem improviso -, os atuais campi da UFPA nesta região insular. É dizer, a universidade pública do futuro nas ilhas do delta-estuário amazônico já vem sendo gestada desde os Centros Rurais Universitários de Treinamento e Ações Comunitárias (CRUTACs), do final da década de 60.

Consequentemente, em parceria com a comunidade local deve-se atualizar e reforçar o MdM e estudar a possibilidade de prosseguir com o governo estadual o projeto, paralisado em 2010, da CASA/MUSEU DALCÍDIO JURANDIR inclusive reconstrução do "chalé de Alfredo" do romance Chove nos campos de Cachoeira.  Se houver acordo prévio, mediante assinatura de carta de intenção, por exemplo; a reconstrução do Chalé deveria considerar mudança do terreno original no bairro de Petrópolis para o bairro do Choque, de modo a constituir centro cultural conjunto com o MdM e suas dependências, tais como a Casa do Gallo, Arboreto, Fazendola, Reserva Técnica conveniada com o MPEG e outros anexos. 

A desvantagem de um novo Chalé em lugar diverso de sua história, pode ser amplamente compensado pela arquitetura no espírito da nova museologia, na qual não apenas certos prédios históricos, mas a memória do território inteiro predomina: quero frisar que além de Chove nos campos de Cachoeira, Marajó, Três casas e um rio até Ribanceira; o romanceiro dalcidiano constitui o mapa completo para turismo literário na área estuarina do Amazonas. O Museu do Marajó será mais marajoara do que jamais, com a possível incorporação do projeto estadual CASA/MUSEU DALCÍDIO JURANDIR através do qual o Estado do Pará reconhecerá, oficialmente, sua responsabilidade pela conservação e desenvolvimento da milenar Cultura Marajoara, por acaso, refeita com os "cacos de índio" do caboco Vadiquinho confiados à criatividade do padre dos pobres pescadores de Jenipapo. Ademais, para a comunidade urge lembrar que a União é dona e responsável pelos tesos (sítios arqueológicos). E, outrossim, o nosso prestativo Museu do Marajó é fiel depositário das peças arqueológicas que detém em termo de responsabilidade firmado com o IPHAN. Logo, me ocorre pensar que o referido museu comunitário tem direitos a reclamar perante a União e o Estado do Pará. E que nos todos juntos devemos auxiliar o museu a elevar os seus protestos diante do Poder Público. Penso que se a UFPA, IFPA e o MPEG já marcam presença ao "mutirão", a UFRA não deve se acanhar nem a UEPA poderia faltar.

Quando há boa vontade e espírito de solidariedade, os piores obstáculos podem ser vencidos. De maneira que, no bojo de tal projeto integrado em parceria público-privada, como o acima sugerido, com visão estratégica disciplinas de História, Antropologia e Museologia transdisciplinares aplicadas ao ecoturismo de base na comunidade se podem tornar núcleo rebocador do desenvolvimento humano da Criaturada grande nesta região amazônica. Mas carece manifestar opção preferencial pela erradicação do analfabetismo e da extrema pobreza afim com a Agenda 2030 dos ODSBotar Dalcídio e Gallo com a Criaturada grande no pedaço, é o maior desafio da Educação Inclusiva no maior arquipélago fluviomarinho do Planeta água! Era isto que eu tinha a dizer aos amigos e amigas da gente marajoara.


O NHEENGAÍBA VIVO EM CADA CABOCO

Não há duvida de que esta é mais uma provocação de O Nheengaíba - Davi contra Golias, em verdade -, a fim de suscitar ideias descoloniais, desde 1999, pelo menos, com o atrevido ensaio Brevíssima viagem filosófica, na trilogia iberiana com a Amazônia latina e a terra sem mal e a Breve história da Amazônia Marajoara. Com que o sonho do Turismo Literário me consome como carma desde edição da primeira Feira Internacional de Turismo da Amazônia (FITA), em 2004. E criação anarco-comunitária do DIA DE ALFREDO no contraponto do Bloom's Day em terras tropicais. E lá se foram quatorze anos! Nós ainda somos poucos, entretanto formamos a tribo fiel dos escudeiros de Dalcídio e Gallo. Respectivamente, o índio sutil batizado por Jorge Amado da Bahia de todos os santos e orixás, e a reencarnação de um grande cacique marajoara segundo declarou, publicamente, um misterioso visitante do Museu do Marajó, que não pediu segredo e ninguém sabe donde vinha nem para ele onde foi. O certo é o padre que queria ser santo e implodiu ficou encantado no imaginário popular marajoara.

Até os caruanas sabem que o maior interesse desta gente no negócio do turismo é a parte que a Criaturada grande merece ganhar neste latifúndio. Acreditamos que a vocação econômica do Marajó é o turismo. Melhor dizendo, o ecoturismo de base na comunidade, com que sonhamos com a emancipação cidadã e o desenvolvimento humano, a paz e a justiça social com Felicidade Interna Bruta (FIB) que nem a da Costa Rica. E já se sabe, oficialmente pela ONU, que a bela Costa Rica é o país mais feliz da América Latina, ostentando três posições acima dos poderosos Estados Unidos na lista mundial de países de maior FIB, na contraparte do Produto Interno Bruto (PIB).

Portanto, morrendo de inveja do povo costa-riquenho  (http://amazoniaruak.blogspot.com/2018/03/a-felicidade-interna-bruta-fib-das.html ), falei da FITA como promoção comercial tal qual o publicitário Leopold Bloom, personagem de romance para "vender" Dublin (Irlanda), exemplificando minha velha esperança de ver na prateleira produtos de turismo literário, como rebocador do desenvolvimento sócio-econômico da gente marajoara. Claro que os experts recomendam apenas seguir os ditames do Mercado, todavia os mercados se criam também pelo lado da oferta. Produtos turísticos não nascem prontos como fruta no pé da árvore. Exemplo do romance Ulisses de James Joyce, com o fictício agente publicitário Leopoldo Bloom flanando durante 18 horas de "viagem" por Dublin, no dia 16 de junho de 1904 e início da madrugada do dia seguinte. Dalcídio Jurandir também, em Primeira Manhã, faz Alfredo percorrer a cidade de Belém do Pará em apenas um dia, tal qual o revolucionário romance irlandês: daí a inspiração para o Dia de Alfredo, na data da morte do "índio sutil", 16 de junho. 




PRA NÃO DIZER QUE EU ESQUECI O VELHO CHALÉ.

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Já sabemos que o tombamento e reconstrução do chalé de Chove tornou-se uma decepcionante novela. Mas a gente não pode se amofinar... Se a casa de Alfredo não deu mais para ficar em Petrópolis, que seja refeita no Choque às ilhargas do Museu do Gallo com a árvore Folha Miuda plantada no Arboreto. Precisamos saber, se por acaso, depois de oito anos no arquivo morto do DPA da SECULT-PA, ainda dá para ressuscitar o projeto de reconstrução do chalé de Chove nos campos de Cachoeira.

O projeto de reconstrução do chalé entrou no Plano de Desenvolvimento Territorial Sustentável do Arquipélago do Marajó, vulgo PLANO MARAJÓ sob rubrica de CASA/MUSEU DALCIDIO JURANDIR, conforme versão datada de 26/07/2006. O dito cujo foi lançado em festa na cidade de Breves, no ano seguinte, pelo Presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a Governadora Ana Júlia Carepa. Até aí, o MUSEU DO MARAJÓ teve papel destacado de articulador da sociedade civil, que viria a perder devido à discórdia interna de 2010, no MdM. Pena que a briga interna afetou as relações externas ao município. 

No contexto dos preparativos do Centenário de nascimento de Dalcídio Jurandir (2009), por iniciativa do vereador Pedro Ribeiro dos Santos, a Câmara Municipal de Cachoeira do Arari aprovou e o Prefeito sancionou lei para o tombamento da casa onde o escritor morou com seus pais e irmãos em Cachoeira do Arari, desde 1910. O governo estadual também tombou o mesmo imóvel, veja-se:


De acordo com a Lei Estadual n° 5.629 de 20.12.1990, que "dispõe sobre a preservação e proteção do patrimônio histórico, artístico, natural e cultural do Estado do Pará", a partir da presente data fica TOMBADO sob a denominação "Antiga Residência do Escritor Dalcídio Jurandir" o bem imóvel sito à Avenida Coronel Bento Miranda, n° 621, esquina com a Travessa Alfredo Pereira, bairro de Petrópolis, município de Cachoeira do Arari,
Arquipélago do Marajó, Estado do Pará.


O tombamento, na forma da Lei, deverá ser inscrito no Livro Tombo n° 03 -Livro de bens imóveis de valor histórico, arquitetônico, urbanístico, rural, paisagístico, como: obras, cidades, edifícios e sítios urbanos ou rurais , pertencente ao
Departamento de Patrimônio Histórico, Artístico e Cultural (DPHAC), da Secretaria de Estado de Cultura (SECULT).


O bem tombado terá área de entorno definida por raio de 100m, medidos a partir do limite do terreno onde o imóvel está localizado, conforme dispõe a Lei Estadual n° 5.629/1990,
art. 30, parágrafo único.


Publique-se e cumpra-se.
Secretaria de Estado de Cultura, 14 de dezembro de 2010.
LUIZ FLÁVIO MOURA DE CARVALHO
Diretor Departamento De Patrimônio Histórico, Artístico e Cultural/DPHAC/DPAT/SECULT
LÉLIA MARIA DA SILVA FERNANDES
Diretora de Patrimônio -DPAT/SECULT
Homologo:
CINCINATO MARQUES DE SOUZA JUNIOR
Secretário de Estado de Cultura -SECULT

Diante dos fatos, não se pode culpar somente um ou apenas alguns responsáveis por este notável case de insucesso. O carma coletivo da gente marajoara é exemplar em casos de insucesso. Podíamos listar vários deles desde o século XVI, com Pinzón atacando e arrastando 36 índios da ilha Marinatambalo (Marajó), levados como "negros da terra" (indígenas escravizados) para a ilha Hispaniola ("pequena Espanha", Santo Domingo). Amazônia, teu nome é Colonialidade...


Em 1939, recém liberto da antiga cadeia de São José onde o nosso romancista foi preso político por combater o fascismo junto com seus camaradas, ele e sua mulher Guiomarina foram morar na vila de Salvaterra, distrito do município de Soure. Nasceu ali o romance Chove nos campos de Cachoeira, que ele carregava na bagagem na forma de esboço. Em seguida, ele escreveu o romance Marinatambalo, nome significativo pelo acima exposto. Este romance foi publicado com título Marajó e nele Vicente Salles viu raízes do velho romanço ibérico Dona Silvana. Orminda é bela mulata desejada por todos homens e a pobre acaba mal os seus dias, doente e esquecida, no Campinho (Ponta de Pedras), na realidade bairrozinho onde o escritor nasceu numa casa humilde. A bela Orminda morre nos braços de sua velha mãe ao lado da caboca Alaíde, do rio Paricatuba; amásia do filho do fazendeiro: a infeliz Silvana era filha do rei medieval atormentado pela ideia de incesto com a própria filha, Orminda seria ou não bastarda do coronel Coutinho... Marajó é um mundo à parte! 
Oxalá, aos 45 anos da criação d'O Nosso Museu de Santa Cruz do Arariprecursor do Museu do Marajó em Cachoeira do Arari, haja uma chance de quebrar o "encanto" do velho Marajó de guerra! Um entendimento inteligente entre a União, o Estado do Pará e a entidade federativa dos Municípios do Marajó para realizar a "vocação econômica" do Marajó visando o desenvolvimento humano da gente marajoara, atendendo ao disposto na Constituição do Estado do Pará, de acordo com o pacto federativo de 1988? Qual seria a mencionada "vocação econômica"? Este dispositivo constitucional, integrante da Área de Proteção Ambiental do arquipélago do Marajó não tem interpretação mansa e pacífica nos dias de hoje, pelo contrário, ainda guarda resquícios coloniais os mais antigos, desde a conquista do rio Amazonas.

Por acaso, a incipiente invenção museal do padre Gallo, em 1973, revisto o tempo passado pode ser agora considerado, sem nenhum favor, o primeiro ecomuseu brasileiro, contemporâneo aÉcomusée du Creusot Montceau-les-Mines, na França o primeiro do mundo. Certamente, a "vocação econômica" prevista pelo constituinte estadual de 1989 não poderia contemplar acontecimentos futuros que ora colocam o Turismo à frente de todos mais itens da pauta do maior arquipélago fluviomarinho do Planeta. Com a candidatura da Reserva da Biosfera Marajó-Amazônia ao programa Homem e Biosfera, da UNESCO, absurdamente encalhada desde 2003, o mesmo ano em que Giovanni Gallo faleceu. Depois de "implodir" face à incapacidade de seus contemporâneos compreender a missão comunitária do Museu do Marajó e o potencial turístico da Amazônia Marajoara. 

Mas, afinal, se agora já podemos constatar a verdadeira vocação econômica do Marajó: onde se agregam o queijo, o frito de vaqueiro, a caça autorizada e manejada; a pesca artesanal, a cultura popular; a ciência aplicada à Arqueologia Marajoara; a educação básica e a capacitação profissional consequente deste mesmo potencial; ainda falta pactuar um plano de desenvolvimento territorial sustentável, cujo protagonismo de fato seja da gente marajoara. Afim com o espírito da Constituição-Cidadã e seu rebento constitucional do Pará, especificamente no Artigo 13:
Constituição do Estado do Pará.

Art. 13 - Incluem-se entre os bens do Estado do Pará:
..........

VI - os lagos e quaisquer correntes de água em terrenos de seu domínio e os rios que têm nascente e foz em seu território, bem como os terrenos marginais, manguezais e as praias respectivas.
........
§ 2º. O arquipélago do Marajó é considerado área de proteção ambiental do Pará, devendo o Estado levar em consideração a vocação econômica da região, ao tomar decisões com vista ao seu desenvolvimento e melhoria das condições de vida da gente marajoara.  


A necessidade é a mãe de todas invenções e a mão invisível do acaso já fez muitos causos supimpas vestir a máscara sagrada de Jurupari na crença dos pajés. Creio que o padre dos pescadores arariuaras, depois de Nunes Pereira e Raymundo Heraldo Maués; foi quem melhor enxergou o papel dos pajés na raiz da primeira ecocivilização da Amazônia, desde os começos da idade do barro.
Marajó é mundo continuamente emergente das águas grandes do golfão amazônico, lugar sem par onde o maior rio do mundo e o Mar-Oceano se debatem sem trégua numa luta de titãs. Aqui mito e história inseparavelmente se enroscam há cinco mil anos de presença humana nas terras baixas do equador americano. O caboco espoliado e confinado nas varjas há que se elevar para ter visão geral do maior arquipélago fluviomarinho que ele habita desde tempos antigos dos seus antepassados. Noutras, palavras para conquistar um futuro melhor para seus filhos e netos, o povo marajoara precisa resgatar o passado perdido. 

O escritor agnóstico Dalcídio Jurandir (Ponta de Pedras, 1909 - Rio de Janeiro, 1979) e o padre jesuíta Giovanni Gallo (Turim, Itália 1927 - Belém do Pará, 2003) nunca se viram em vida. Ademais, durante o Colóquio Dalcidio Jurandir: 60 anos de Chove nos campos de Cachoeira, em novembro de 2002, na Fazendola do Museu do Marajó, Gallo declarou não ter lido ainda os romances do Índio Sutil. Pediu que lhe mandassem obras do escritor para a biblioteca do museu. 



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fruto da correspondência entre Maria de Belém Menezes e Dalcídio Jurandir, Giovanni Gallo recebeu sugestão do escritor para seleciona algumas reportagens publicadas semanalmente na imprensa do Pará e publicar um livro que seria testemunha do homem marajoara na labuta do lago Arari. Este livro é "Marajó, a ditadura da água".






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árvore Folha Miúda, família Rubiaceas, especie Psichotria sessilis.


Na juventude, o filho de dona Margarida Ramos com o capitão Alfredo Nascimento Pereira, manisfestou desejo de ser enterrado debaixo da árvore de Folha Miúda na beira do rio confronte o chalé. Cinquenta anos depois, quando ele morreu, distante de sua terra; ninguém se lembrou daquele pedido. No Centenário, então apareceu o bilhete e a casa remanescente do velho chalé batido de chuva e vento; ainda resistia. Hoje não existe mais. A velha Folha Miúda desertada do menino Alfredo sucumbiu ao tempo e à correnteza do rio...

Todavia, a velha rebrotou no arboreto ao lado do museu do Gallo e agora será talvez o chalé que poderá ser refeito nas proximidades da árvore de infância de Dalcídio. Resiliência a toda prova. Quem sabe lá quantas crianças, os "netos" de Dalcídio; poderão se deslumbrar debaixo a sombra amiga da nova Folha Miúda!



palafitas do bairro do Choque, Cachoeira do Arari, Marajó.